The Judge

the judgeQuero iniciar este post dizendo que o mesmo não é mais do que uma homenagem ao actor Robert Duvall. Robert Duvall é um actor que dispensa apresentações, pois um amante do cinema conhece-o bem de papéis como Lieutenant Colonel Bill Kilgore em Apocalypse Now,  como Tom Hagen na saga O Padrinho ou como Mac Sledge em Amor e Compaixão, cujo papel lhe proporcionou um Oscar para Melhor Actor.
No entanto, enquanto Judge Palmer – o pilar do filme, da família Palmer e da cidade onde desempenha o seu cargo de juiz -, Robert Duvall consegue ser de uma crueza emocional e de um carinho camuflado, de uma fragilidade e de uma dureza incomensuráveis. Uma dualidade e ambivalência de sentimentos que apenas os melhores, através da mestria na sua profissão, conseguem fazer transparecer no ecrã, sem necessitar de recorrer a overactings. É natural e é isso que é profundamente bonito.

Em tempos li algures que Stanley Kubrick acreditava que o casting de um filme era 80% responsável pelo sucesso ou fracasso de um filme, ou seja, se se colocasse o actor certo para aquele papel (e não obrigatoriamente o melhor actor) os astros alinhar-se-iam para que tudo chegasse a bom porto. E honestamente, após ter visto The Judge, não consigo encontrar melhores actores para os papéis de Judge Joseph Palmer (Robert Duvall) e Hank Palmer (Robert Downey Jr.), pois ambos encarnam as suas personagens e a relação entre ambas de uma forma quase simbiótica, atravessando caminhos física e emocionalmente muito pesados, repletos de emoção puramente crua.

Neste filme, o espectador é convidado, então, a assistir essencialmente a uma viagem pela relação conflituosa pai-filho e como esta relação se vai moldando pelas adversidades que lhes são apresentadas, seja a morte da mãe de Hank, a acusação de homicídio a que Judge Palmer é submetido, ou a doença que aparece pelo meio.

Fica, assim, a sugestão de um filme dramático que, sem overactings e sem a excessiva dramatização das personagens, nos consegue transmitir uma bonita lição de amor e de aceitação de quem somos e das pessoas que nos rodeiam, desmistificando a noção de que as dinâmicas familiares e as demonstrações dos laços emotivos têm de ser feitos à sombra do que a sociedade dita que seja. E é minha leitura que é isso que este filme pretende que não nos esqueçamos, do que é único em nós e nos “nossos”.

I my experience, Hank, sometimes you gotta forgive in order to be forgiven.

Filme: The Judge
Director:
David Dobkin
Ano: 2014

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